Todas as previsões para 2020, e mesmo a retoma para 2021, foram revistas em baixa. E apesar da esperança de que esta pandemia se resolvesse, a perceção de que ela vai durar mais do que aquilo que inicialmente se pensava é uma certeza, com a qual temos de aprender a viver e a tomar decisões.

Apesar da adaptação, ser a recomendação certeira em caso de sobrevivência, a Comissão Europeia apresentou o seu Pacto Ecológico, o qual propõe uma transformação profunda da economia europeia, mantendo as mesmas diretrizes e ambições que tinha antes do aparecimento da pandemia. Esta atitude, que contém uma considerável dose de cegueira, não é inédita na forma de agir da Comissão: já assim procedeu, por exemplo, aquando da crise financeira de 2008, tendo posteriormente de emendar a sua linha de ação.

A disponibilidade financeira dos Estados-membros da União Europeia e mesmo dos restantes países do globo não é seguramente a mesma que tinham antes da Covid. Quando a economia se afunda e o desemprego aumenta, os rendimentos das famílias caem (ou desaparecem), as condições e a vontade para a mudança diminui de forma abrupta. Vamos, pois, ter de esperar para ver o que se vai realmente aplicar deste grande conjunto de ambições.

Uma coisa tenho como certa: uma forte agenda ambiental só poderá valorizar a única atividade económica que produz oxigénio, retém carbono, contribui para o ciclo da água e preserva a biodiversidade: a Agricultura.

A Covid veio demonstrar que a agricultura - vulgarmente colocada fora do pelotão dos campeões – é afinal um sector resiliente e com uma capacidade muito grande de resistir às crises que pareciam nunca atingir a economia e a sociedade como esta fez. Espero que no futuro o Governo e a sociedade entendam esta realidade e coloquem o sector agrícola no lugar que é dele por direito, devido às suas funções e responsabilidades, na linha da frente.