(1). Passaram já quatro meses desde que Portugal assumiu a Presidência da União Europeia. No que respeita à revisão da PAC, a única certeza que até agora temos é de que as discussões em trílogo, reconhecidamente difíceis, pouco produziram de concreto até ao momento. À data que escrevo, com excepção do sector da vinha e produtos DOP, não há ainda acordo sobre as principais linhas políticas que darão suporte à nova Arquitectura Verde, nem fechados os conceitos associados a temas como Agricultor Activo, Convergência, Pagamentos Indexados a Desempenho ou Resultados, entre outros. Só após encerradas estas negociações e alcançado o acordo entre Conselho, Comissão e Parlamento sobre os três regulamentos base da PAC – 1º Pilar; 2º Pilar e OCM - estarão criadas condições à produção de toda a legislação correspondente, a nível comunitário, para então se dar início ao desenho dos PEPACs dos 27 países.


A pouco mais de dois meses do final da Presidência Portuguesa, consideramos insuficiente a busca destes consensos políticos. Deveríamos estar já internamente a discutir tecnicamente os futuros programas e regulamentos. Mas não estamos, não fomos ainda chamados a participar nessa discussão. A apreensão instala-se.


(2). Surpreendido no espaço de pouco mais de um mês por dois programas na RTP1, com o propósito único de desprestigiar, acusar, denegrir e “desmascarar” o sector pecuário e agrícola intensivo e empresarial, com recurso à mais deplorável demagogia, dei conta que afinal não se trata de programas de informação, conforme foram anunciados. São sim programas de pura propaganda, assentes numa estratégia de “lavagem ao cérebro” usada sem escrúpulos nem vergonha, por quem, recorrendo à violência de imagens, à mentira e à omissão, pretende impor, pelo acesso fácil ao poder, uma ideologia própria, com o objectivo claro de destruir um modelo económico de exploração agrícola, tecnicamente evoluída, assente na economia e iniciativa privadas. Tais programas, de correspondência à verdade nada têm, envergonham o jornalismo e alertam-nos para o abuso que é feito sobre a nossa condição de cidadãos, pois utilizando a televisão que tem como obrigação o Serviço Público de informação, em canal aberto e horário nobre, não só somos chamados a pagar a tramóia, como no-la impõem sem possibilidade de escolha ou recusa. É triste, mas é o espelho dos tempos que vivemos. 

 

Eduardo Oliveira e Sousa

Presidente da CAP