Quando não temos rumo o mais certo e perdermo-nos no caminho. O momento que atravessamos, no que respeita ao “andar da carruagem”, é deveras preocupante. São vários os indícios de não haver um rumo para a política agrícola nacional.

Terminadas as negociações da PAC e a semanas de necessitarmos de uma proposta de PEPAC coerente com os desígnios de um desenvolvimento dirigido, objectivo, sustentado num modelo adequado ao território e a estrutura agrícola nacional, o que se vê e ouve são “tiros para todos os lados”.

Diz-se uma coisa, decide-se outra, sem explicações ou analise das consequências. Assumem-se compromissos, mas frustram-se as expectativas geradas. Perante problemas concretos que se agravam, mal equacionados e na ausência de uma estratégia de acção, diz-se que “estão a ser acompanhados”, talvez o tempo os resolva. Solicitam-se contributos e comentários e, sem justificações, são ignorados. Dirigentes superiores competentes, mas incómodos, são substituídos sem mais. Tem cabimento recordar o velho ditado… “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.

Mas o tempo não pára, não dá tréguas e estamos já na época das colheitas.Num ano em que pareciam conjugar-se os factores para que os resultados surgissem positivos, o desnorte e o descambar dos custos energéticos, como combustíveis e electricidade, os baixos níveis de investimento devido às dificuldades associadas ao PDR, ou as dificuldades de acesso a agua onde menos devia faltar, como no Tejo, estão já a deixar indícios de mais um ano de penúria económica. E cada vez mais difícil ser-se agricultor.

Em Portugal é assim, ou há politicas publicas erradas, que nos levam a pobreza, ou pura e simplesmente não há políticas públicas, o que nos leva à estagnação. Ou voltamos aos carris e encontramos o rumo, ou ficaremos cada vez mais atrasados.


EDUARDO OLIVEIRA E SOUSA

Presidente da CAP