Em pleno período invernal não há como fugir do tema que mais preocupa os agricultores portugueses, a SECA. O agravamento e a consolidação das alterações climáticas, objecto de análise profunda por técnicos e cientistas num colóquio promovido pela CAP no final de Fevereiro, não só confirmam como alertam a sociedade em geral para este assunto que se reveste da maior pertinência. As medidas tomadas pelo Governo têm sido pouco adequadas à emergência, e até à agonia de alguns sectores, como a pecuária, pelo que se justifica manter este assunto na ordem do dia. É também por tudo isto que a nossa recente parceria com o IPMA se justifica.

Estamos também em pleno período de negociações sobre o Orçamento da União Europeia e da PAC. Aproximam-se eleições europeias e será desejável que estes dossiers estejam encerrados até lá. Perspetiva-se uma redução do orçamento da PAC e um aumento da contribuição dos Estados Membros para colmatar a saída do Reino Unido. Temos por isso de exigir aos nossos políticos, e em particular ao Ministro da Agricultura, uma verdadeira engenharia financeira que permita não reduzir o envelope financeiro que caiba a Portugal. Precisamos de mais convergência, e precisamos de um novo “arrumar” das verbas por forma a proteger os que mais precisam da PAC, os agricultores.

 Por último uma palavra sobre a ameaça lançada aos proprietários florestais e a limpeza em torno de casas e povoações. O Estado, ao “atirar” a responsabilidade para as autarquias, e estas para os proprietários, está a tentar “libertar-se” da sua própria responsabilidade sobre este assunto, e esta atitude, não sendo aceitável, é a pior via para resolver o problema. Acresce ainda que os prazos e os conceitos sobre o muito que há a fazer são perfeitamente incompatíveis com a realidade, e a perseguição anunciada, através da GNR e das Finanças, está a deixar as pessoas em pânico. O resultado só pode ser mau. Será bom que com um pouco de calma e um dar de mãos com as organizações do sector se concertem acções. Os resultados serão seguramente melhores. Trata-se de um problema da sociedade em geral, e por isso, uma responsabilidade do Estado. Não é “descartável”.