Chegámos à Primavera com a seca a deixar as suas marcas na tesouraria das explorações pecuárias e de sequeiro, e as culturas de Verão a serem um risco como há muito não se corria devido às fracas reservas de água, aos preços dos combustíveis, fertilizantes e energia. A incerteza está instalada.

Com um “ambiente” assim, seria expectável (e desejável) que o novo Governo saído das eleições de fim de Janeiro, tivesse implementado um vasto leque de apoios efectivos e já no terreno. A CAP propôs mesmo que fosse desenvolvido um ambicioso e impulsionador Plano Estratégico de Resiliência Agroalimentar.

Mas não, o reconduzido Ministério da Agricultura, agora também da Alimentação e das Pescas, manteve a mesma postura do passado… “promessas vãs, adiantamentos futuros, ambições virtuais”. Nem o exemplo dos governos de Espanha ou França motivaram a Sra. Ministra a fazer diferente, a agir e a definir com objectividade as ajudas que deveriam ter sido postas já em prática.

Seria a forma de apoiar os agricultores a, uma vez mais, atravessarem uma nova crise, desta vez – queira Deus que me engane – com contornos bem mais graves que as anteriores. Resiliência é diferente de abandono, estamos entregues a nós próprios. O País conta com os seus agricultores. Iremos resistir, tenho a certeza, mas será à nossa custa. Observem-se os factos e os números recentemente divulgados pela Pordata. São o reflexo das políticas públicas dos últimos anos. O País continua a empobrecer.

O futuro traz-nos um enorme desafio. Os efeitos colaterais da guerra na Ucrânia mudaram o mundo para sempre. As alterações climáticas, as necessidades alimentares e a perturbação sócio-económica irão dominar o futuro muito rapidamente. Daí a importância do tema central da FNA 22 – Inovação & Tecnologia.

Preparemo-nos para “mergulhar” nestas matérias. Não as podemos olhar como curiosidades, pelo contrário, são as ferramentas desse futuro em que já entrámos. Sem tecnologia e inovação perderemos o comboio do progresso.

Pequenos ou grandes, jovens ou não, todos temos de encarar a mudança que está em curso. Vê-se e sente-se ainda tenuemente, mas ela está aí e ignorá-la é ficar pelo caminho. Todos a Santarém entre 4 e 12 de Junho.


EDUARDO OLIVEIRA E SOUSA

Presidente da CAP