Em ano de eleições nacionais e europeias, vários são os elementos perturbadores do momento sócio-político que vivemos.

Enquanto a nível internacional as questões mais impactantes se prendem com a indefinição do BREXIT, com o desastre humanitário na Venezuela, com as relações tensas com os EUA, com a pujança inquietante da economia a oriente e o abrandamento na Europa…, entre nós, a aproximação de eleições e o final da legislatura introduzem na política nacional uma tensão e pressa em “arrumar” assuntos, muitas vezes de forma completamente desajustada da realidade, e até da justiça.

Veja-se a campanha de anúncios publicados nos jornais sobre a “limpeza” de faixas em torno de casas e povoações, atirando aos pequenos proprietários rurais a responsabilidade do que possa vir a acontecer e transformando as Câmaras Municipais em agentes de polícia e cobradoras de impostos.

Assim se incendeia a sociedade urbana, colocada em alerta máximo sobre o bom ou mau “comportamento” desses malvados que não cuidam dos terrenos. O governo escolhe o melhor dos dois mundos, auto exclui-se de qualquer responsabilidade, lava as mãos como Pilatos e sacode a água do capote, numa atitude autoritária de quero posso e mando, esmagando, pela força da multa, a débil economia de milhares de pequenos proprietários e agricultores.

A desvalorização patrimonial arrasta já hoje as propriedades para valores ridículos, e não faltará muito para que muitos as queiram “oferecer”, para se livrarem de uma responsabilidade que, de facto, não têm, não podem e não devem ter!

A pensar neste magno problema, mal enquadrado desde o início e erradamente conduzido pelas medidas tomadas pelo governo, a CAP promove um ciclo de conferências sobre esta temática, na tentativa (mais uma) de demonstrar o caminho errado escolhido pelo governo na gestão deste dossier.

Entretanto e enquanto se espera (e desespera) sobre o orçamento da União, não se conhece ainda como será a PAC para o próximo quadro, assunto em que gostaríamos de ver mais envolvidos os deputados, europeus e nacionais, na defesa do mundo rural e da agricultura europeia. Em vez disso, é anunciado com pompa o denominado Roteiro para a Neutralidade Carbónica, lançando mais uma acusação ao sector agro, desta vez a pecuária, atribuindo-lhe a responsabilidade pela maior fatia das emissões de carbono, deixando de fora o outro lado da moeda, a fixação desse mesmo carbono através de pastagens, florestas e culturas permanentes. É este afastamento do mundo urbano da realidade do mundo rural que ganha força, apoiado em desinformação e demagogia, deturpando factos e práticas, confundindo a sociedade e fomentando a desconfiança.

Algo vai mal na política…