Diferentes visões ideológicas estiveram presentes no debate organizado pela CAP, mas todos os partidos participantes foram unânimes: é preciso fortalecer as políticas para a Agricultura e para o Mundo Rural, garantindo o investimento e a modernização do setor, acautelando a desburocratização e simplificação dos processos, e promovendo o rejuvenescimento da população agrícola. Partido Socialista insiste nas mesmas políticas e arquitetura governamental para o setor agrícola na próxima legislatura. 

A CAP congratula-se com a elevada adesão à sessão de esclarecimento que decorreu esta tarde, na sua sede, e que juntou seis partidos políticos – PS, PSD, CDU, CDS/PP, IL e Chega – para apresentarem a sua visão para o setor agrícola, plasmada nas linhas de ação que constam nos respetivos programas políticos para as próximas eleições legislativas. Um pouco mais de um milhar de pessoas assistiram em direto e via online ao debate, transmitida nas redes sociais da CAP e através da plataforma Zoom, o que denota o interesse dos Agricultores em conhecer aquelas que são as medidas propostas para o setor e o Mundo Rural.

Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura e candidata a deputada pelo círculo eleitoral de Santarém, representou o PS, enquanto João Paulo Gouveia, vice-presidente da Câmara Municipal de Viseu e vice-coordenador do Conselho Estratégico Nacional do PSD para a área de Agricultura, foi a voz social-democrata. Da CDU, esteve presente João Dias, primeiro nome da lista da coligação por Beja, sendo o CDS/PP representado por Francisco Palma, cabeça-de-lista do partido pelo mesmo círculo eleitoral. Carla Castro marcou a presença da Iniciativa Liberal, como membro da comissão executiva do partido e candidata a deputada por Lisboa, enquanto o Chega apresentou Pedro dos Santos Frazão, vice-presidente do partido, vereador da Câmara Municipal de Santarém e cabeça-de-lista por esse Distrito.

Foram enviadas previamente a todos os partidos as cinco questões colocadas pelo moderador, Luís Mira, Secretário-Geral da CAP. Cada partido dispôs de três minutos para responder a cada uma das perguntas:

1. Atualmente, sempre que se realiza um Conselho Europeu da Agricultura e Pescas, o Governo português é representado por três ministros distintos (Ambiente, Agricultura e Mar). Consideram esta dispersão de competências adequada e, se não, o que deverá ser feito para melhorar a representação do nosso país em Bruxelas?

2. Com a formação de um novo governo, qual será a opção de cada partido relativamente à estrutura do mesmo, neste caso concreto, em relação a este setor? O Ministério da Agricultura deverá manter-se e reforçar competências ou, pelo contrário, consideram que para os problemas específicos do setor agrícola e das populações rurais um Secretário de Estado será suficiente?

3. A CAP e os agricultores que representa consideram desadequadas as opções que foram tomadas pelo atual governo em termos de mudança de tutela das florestas, dos animais e da gestão da água. Consideram importante corrigir estas situações ou, pelo contrário, acham que estará bem assim e que será para manter?

4. A constituição do Plano de Recuperação e Resiliência esqueceu a implementação de obras estruturais aplicáveis ao setor agrícola. Haverá no vosso programa de governo algumas alterações que permitam corrigir esta situação?

5. Com a conclusão de mais um processo de revisão da Política Agrícola Comum e em plena fase de apresentação dos planos nacionais relativamente a esta matéria, tendo o setor agrícola português demonstrado uma resiliência fora de série, quer na crise financeira recente quer na crise pandémica que ainda atravessamos, modernizando-se e aumentando exponencialmente as suas exportações, impõem-se questionar os nossos representantes políticos sobre a estratégia que desejam ver implementada na agricultura portuguesa. Neste caso, qual é a vossa estratégia para a agricultura?


A CAP que tem sistematicamente alertado para o facto de a Agricultura ter vindo a perder, nos últimos governos, a relevância política que é devida a um setor económico fundamental para o País, para a economia e para a sociedade, congratula-se com o facto de a maioria dos partidos – com exceção do PS, que não antecipa qualquer cenário – defenderem, em uníssono, a necessidade de corrigir os erros do passado mais recente e reforçar as competências do Ministério da Agricultura, devolvendo ao mesmo a tutela de áreas fundamentais para o setor e para o Mundo Rural, como a gestão das florestas, da água e dos animais. Coincidente com a posição da CAP sobre esta matéria, a maioria dos partidos defende um Ministério da Agricultura mais forte, e com mais competências, dotado de uma estrutura orgânica capaz de se bater, no seio do governo e das instituições comunitárias, pelos interesses da atividade agrícola e dos agricultores.

Relativamente à utilização dos fundos do PRR para apoiar a resiliência do setor, apesar das diferentes soluções que defendem, mais uma vez todos os partidos – nova exceção feita ao PS – consideram que é essencial corrigir as lacunas deste Plano no que respeita à Agricultura. Da mesma forma, consideraram que há margem para corrigir o Plano Estratégico da PAC, apresentado pelo atual Governo a Bruxelas. Desburocratização e simplificação de procedimentos, mais apoio ao investimento, à modernização e ao rejuvenescimento da população agrícola, uma clara aposta no regadio e na defesa do modo de vida rural foram algumas das visões apresentadas pelos partidos políticos que participaram nesta sessão.

De acordo com o Secretário-Geral da CAP, Luís Mira, “resultou claro deste debate que em boa hora a CAP promoveu, que independentemente das diferenças ideológicas que separam os diversos partidos, nas grandes soluções que apresentam, está explícita uma visão de futuro para o setor, pelo que não há razão para que, após as eleições legislativas agendadas para o próximo dia 30 de janeiro, não se encontrem caminhos que permitam afirmar a importância socioeconómica e o peso político da Agricultura e do Mundo Rural. No governo, ou na oposição, os partidos políticos têm a responsabilidade de trabalharem em conjunto e de forma construtiva sobre as prioridades convergentes e em prol da valorização e da defesa do setor agrícola. Desta forma, serão criadas condições para que os empresários agrícolas possam investir, criar emprego, gerar conhecimento, inovar e introduzir tecnologia, desenvolver o território com sustentabilidade, e aumentar as exportações. Da mesma forma, será imprescindível que o próximo Ministério da Agricultura seja também capaz de implementar políticas que verdadeiramente venham abranger os pequenos e médios agricultores em todo o país, incluindo as Regiões Autónomas

A sessão de esclarecimento organizada pela CAP está disponível para visionamento no YouTube e Facebook da CAP.


Fonte: Comunicado CAP 12/01/2022