A Confederação dos Agricultores de Portugal agradece a audiência concedida esta quinta-feira pelo Senhor Presidente da República. Neste encontro, fizemos um breve balanço do ano que está a terminar, mas preocupa-nos o futuro e a capacidade de, enquanto país, sermos capazes de dar resposta ao muito que precisamos de fazer:

  • Em primeiro lugar, a questão da água e de uma melhor e mais eficiente gestão dos recursos hídricos. O que se passa neste momento no País, e em particular no Mondego, é sintomático desta matéria;
  • No reconhecimento do papel dos proprietários rurais na gestão dos recursos florestais, investindo no aumento da capacidade da gestão e do ordenamento do território;
  • Na agenda da descarbonização da economia e na economia circular;
  • No combate à desertificação do Interior;
  • Na resposta às alterações climáticas e na preparação do país para mitigar riscos provocados por eventos climáticos extremos e fogos florestais;

Precisamos que o poder político, no Governo, na Oposição e em todos os níveis da Administração, reconheça à Agricultura o seu peso, importância e relevância no contexto do emprego, da economia, do investimento, mas também do seu papel social único e verdadeiro agente económico e de gestão do território.  

Impõe-se assim que o Orçamento do Estado reflita na sua componente nacional da Política Agrícola Comum os montantes necessários à continuação da modernização e competitividade do sector.

A valorização do Mundo Rural é a valorização de Portugal, das suas gentes, culturas e tradições e é também a valorização do teu território, que se pretende coeso e humanizado.

À beira de uma nova década – que se quer de crescimento, de investimento e de inovação – a CAP, enquanto organização que representa os Agricultores portugueses, veio, hoje, junto do Senhor Presidente da República, dar conta do papel de extrema importância que o setor agrícola ocupa em Portugal.

Num País cheio de recursos naturais, que atrai milhões de turistas e está hoje na boca do mundo, ainda falta que os Portugueses (e os decisores políticos) descubram a Agricultura que se faz por cá, como é inovadora, produtiva e diferenciada.

Portugal é orgulhosamente conhecido por ter a maior onda do mundo, a onda da Nazaré – que sempre cá esteve, mas que só recentemente foi ‘descoberta’ porque alguém, de fora, a viu; mas Portugal também tem de ser conhecido pela sua Agricultura produtiva, ambientalmente sustentável, utilizadora de tecnologia avançada e capaz de acrescentar valor à economia do País.

O sector agroflorestal – incluindo a produção e a transformação – foi o que mais cresceu em termos de exportações na última década. O sector vale 20% do total das exportações de bens transacionáveis, sendo por isso um grande motor da economia nacional: as suas exportações valem cerca de 10,5 mil milhões de euros – cabendo neste valor mais do que as exportações, somadas, das indústrias têxtil e do calçado, verdadeiras referências nacionais.

Falamos de riqueza criada e transformada em Portugal e, por isso, o Valor Acrescentado Bruto deste sector é muito elevado.

Portugal descobriu que tem a maior onda do mundo, mas ainda precisa de descobrir que tem uma Agricultura das melhores do mundo – reconhecida pela sua qualidade, pelo seu sabor, pela sua excelência.

Que, na próxima década, a Agricultura portuguesa seja reconhecida como motor de crescimento económico e de emprego, que valoriza a promove a produção nacional de forma sustentável e sintonizada com as preocupações e metas ambientais assumidas pelo País. Saibamos surfar esta “onda” e tenhamos orgulho nela.